domingo, 17 de julho de 2016

Comentário de Colossenses 1.2

(1.2) aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.

O destinatário da carta de Paulo são “aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos”. Paulo chama os irmãos de Colossos de santos porque foram eleitos e separados do mundo, para viver para Glória de Deus. (Leia 1Pedro 2.9; João 15.18-19). Somos todos santos no sentido de consagração, regenerados, separados do mundo e vivendo em santidade. Não devemos pensar que o sentido de santos empregado por Paulo aqui, tem o mesmo sentido idolatra praticado pelo “catolicismo romano”¹. Por mais que vivermos em Santidade diante de Deus nesta vida, o pecado está enraizado profundamente em nosso ser, de modo que vivemos em altos e baixos diante de Deus. A santidade perfeita só será possível na Glorificação, quando Jesus voltar em Glória e recebermos um corpo glorificado, no qual removerá de nós toda a raiz do pecado e estaremos em um estado de perfeita comunhão com ele. Por enquanto nesta vida presente, antes da volta de Cristo, somos santos porque somos fiéis irmãos em Cristo, separado para uma vida consagrada a Ele, para proclamar suas virtudes e seu santo evangelho.

A carta tem um destinatário, os irmãos que se encontram em Colossos. Paulo escreve esta carta especialmente para a igreja em Colossos, mas também desejava que sua carta fosse lida na igreja de Laodicéia, que se encontrava na cidade vizinha (Cl 4.16). Vimos na parte introdutória deste comentário aos Colossenses (Considerações sobre a Cidade de Colossos), que a igreja em Colossos ficava na Ásia menor, acompanhado de duas igrejas localizadas nas cidades vizinhas, Laodicéia (Cl 2.1; 4.13-16) e Hierápolis (4.13). Destas três cidades próximas uma da outra, a cidade de Colossos era a menor cidade e a menos próspera. Os habitantes de Colossos se compunham de habitantes naturais da Frígia, região centro-oeste da Ásia Menor, pagãos idolatras que adorava várias divindades. Havia também entre os habitantes da cidade de Colossos um grande número de Judeus que prosperavam no comércio de lã tingidas e outros negócios. Portanto, a igreja de Colossos estava em meio de pagãos idolatras e judeus sob antiga aliança. Deus não escolhe pessoas ou cidades por causa de algum mérito que possua, mas por sua soberana vontade, segundo o beneplácito da sua vontade. (Ef 1.4-6; Dt 7:7-9)

Após se direcionar aos irmãos de Colossos, Paulo proclama sua saudação: graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai. Graça é um ato da bondade de Deus para com suas criaturas que não merecem seu favor. Graça é um favor imerecido para conosco. Quando não merecemos nada de Deus, e por sua misericórdia ele faz algum favor para conosco, então Deus exerce um ato de graça. O Apóstolo Paulo experimentou profundamente a graça de Deus, pois quando em trevas, perseguia cruelmente a igreja, mas sem que Paulo merecesse, Jesus apareceu pessoalmente a ele, convertendo seu coração, o libertou do império das trevas e o transportou para seu Reino de amor. (Leia Cl 1.13; Atos 9.1-30; 22.10-21; 26.15-18; Gl 1.13 -15). Nossa Salvação é ato da graça de Deus, como o apóstolo mesmo escreve: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2.8-9. Paulo, portanto, expressa em sua saudação seu desejo que os irmãos experimentassem desta graça de Deus que age em nosso favor, quando não merecemos nada, e nos sustenta em todas as coisas.

A paz é o resultado direto da graça que nos reconcilia com Deus e em comunhão com ele, sentimos seu amor que apazigua nossos corações, mesmo nos momentos mais turbulentos da vida. A paz do mundo é apenas a ausência de dificuldades e guerras, um sentimento de alegria quando as coisas estão indo bem. Mas a paz que provém de Deus não vem das circunstâncias desta vida, mas direto de Cristo Jesus (Leia Jo 14.27). A Paz que vem dos céus é transcendente, do alto, por essa razão, ela é incompreensível para aqueles que não estão ligados a Cristo. A Paz que vem de Deus também preserva nossa fé, Paulo escreveu em sua carta aos Filipenses que “a Paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.7). O Apóstolo Paulo experimentou em sua turbulenta vida a paz que provem de Deus, pois sofreu muitas dificuldade e dores (leia 2 Co 11.23-28), mas sempre as suportou pela força e a paz que provem de Deus. Paulo, portanto, expressa em sua saudação seu desejo que os irmãos experimentassem desta paz que provem da parte de Deus, nosso Pai.


Notas:
¹ O Catolicismos romano ensina que aqueles que viveram uma vida santa e exemplar, acumulam méritos diante de Deus e após a morte, podem ouvir as orações daqueles que o veneram aqui na terra, e interceder por elas diante de Deus. Para uma pessoa ser um Santo, é necessário ser reconhecida e canonizada pelas normas e preceitos da igreja apostólica romana.

Bibliografia:
João Calvino, comentário aos Colossenses, editora Fiel.
William Hendriksen, comentário do NT aos Colossenses, editora Cultura Crista (CEP).
Bíblia de Estudo de Genebra, Edição Revista e Ampliada, editora Cultura Crista (CEP).
Bíblia de Estudo NVI, editora Vida.

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